Calo ou Falo
Este corte,/ A boca, /Meu melhor açoite;/Sangra palavras!
Capa Meu Diário Textos Áudios E-books Fotos Perfil Livros à Venda Prêmios Livro de Visitas Contato Links
Textos
RUA A, BARRACO N° 9

Para Carolina Maria de Jesus

À medida que a cidade cresce
Produz no seu útero
Fetos ao aborto lançado em dejeto.
Seriam gente caso
Ratos e vermes não lhe compusessem a casta.
Pois que sonham
São superiores a estes?
A mesma história dos nossos:
Buscar emprego, migrar.
De pipoqueiro, leiteiro, pedreiro,
Aos mais honestos
Um catar papel.
O pai do aborto ainda promete
Batizar com sobrenome:
Secretaria de Segurança Pública
Nossa carteira de identidade.
Oferece controle da natalidade
Pois o garoto persiste vivo;
Oferta banho
No esgoto que vem do condomínio ao lado.
Como despir destas verônicas
Estes seres ainda em sangue de parto?
Minaretes, menires, totens, respondei!

***************************************************

Publicado em Cadernos Negros 29
Quilombhoje, 2006 , São Paulo, pág. 168
Luís Aseokaynha
Enviado por Luís Aseokaynha em 15/11/2018
Alterado em 15/11/2018
Copyright © 2018. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.
Comentários
Capa Meu Diário Textos Áudios E-books Fotos Perfil Livros à Venda Prêmios Livro de Visitas Contato Links