Textos
RUA A, BARRACO N° 9
Para Carolina Maria de Jesus
À medida que a cidade cresce
Produz no seu útero
Fetos ao aborto lançado em dejeto.
Seriam gente caso
Ratos e vermes não lhe compusessem a casta.
Pois que sonham
São superiores a estes?
A mesma história dos nossos:
Buscar emprego, migrar.
De pipoqueiro, leiteiro, pedreiro,
Aos mais honestos
Um catar papel.
O pai do aborto ainda promete
Batizar com sobrenome:
Secretaria de Segurança Pública
Nossa carteira de identidade.
Oferece controle da natalidade
Pois o garoto persiste vivo;
Oferta banho
No esgoto que vem do condomínio ao lado.
Como despir destas verônicas
Estes seres ainda em sangue de parto?
Minaretes, menires, totens, respondei!
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Publicado em Cadernos Negros 29
Quilombhoje, 2006 , São Paulo, pág. 168
Luís Aseokaynha
Enviado por Luís Aseokaynha em 15/11/2018
Alterado em 15/11/2018
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