("E agora, José?"Carlos Drummond)

A festa começou,
A luz rebrilhou
O povo surgiu
A noite esquentou
É agora, Luís!
É agora, Luís!
você que tem sobrenome,
que admira os outros,
você que faz versos,
que gama, professa
É agora, Luís!

Está com a mulher,
está com o discurso,
está com o carinho,
já pode beber,
já não deve fumar,
Fugir nunca soube,
a noite esquentou,
o dia então veio,
o sino para o recreio
o riso antevejo
Entrevejo a alegria
e tudo voltou
e tudo brilhou
e tudo luziu
É agora, Luís!

É agora, Luís!
Sua doce lavra,
seu instante celebre
suas contas pra Oxum,
sua livrioteca,
sua palavra de ouro,
sua farda de linho,
sua continência,
seu ópio – é agora

Com a chave na mão
Para abrir a porta,
existe o portão,
quer viver no mar,
É o mar da Bahia
quer voltar para Minas,
Minas sempre haverá.
Luís é agora!

Se você cantasse
se você dançasse
se você tocasse
a salsa havanense,
se você acordasse
se você sonhasse
se você remexesse
Mas você não dança
você é duro, Luís!

Sozinho és múltiplo
qual bicho-no-cio,
Com teogonia,
com  parede a lua
para você pichar,
Com seu cavalo preto
que galga em galope,
você marcha, Luís!
Luís para longe!
Luís pra sempre!
O irmão de José!