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A BALANÇA
A BALANÇA
Para o Sargento Abílio
O Mestre caminhava pelo páteo quando os estudantes acorreram a ele e sugeriram um tema.
Mestre! Ensina-nos sobre a precisão, sobre a calibragem e todos os segredos que devem ter os instrumentos.
O Mestre, vendo a ânsia de saber latente, seduziu-os com esta parábola:
Um homem tinha dois filhos. Chamou-os e apresentou-lhes uma balança especial, a qual seria usada, daquele dia em diante, da seguinte forma:
Para cada ação correta praticada pelos filhos seria dado um quilo de terra. Seria dado um quilo de ouro para as ações incorretas. Os rapazes ficaram surpresos desde o início com a valoração aplicada pelo sábio pai.
No primeiro dia eles trouxeram suas tarefas e coube a um dois quilos de terra e ao outro um quilo de terra e um quilo de ouro. Aquele que ganhou dois quilos de terra chamou seu pai em particular, pois não entendia bem porque ele estava sendo penalizado. O pai confortou-o, pois ele havia praticado boas ações e concitou-o a perseverar no seu caminho.
O segundo filho, alegre com seu prêmio de um quilo de ouro viu ali uma oportunidade de fazer sua fortuna e sair pelo mundo.
Neste ritmo, até o final de uma estação, o bom filho havia acumulado uma montanha de terra. O outro filho, vendo que já possuía ouro o bastante para carregar, saiu pelo mundo, deixando para trás sua família.
Ao passo de muito tempo voltamos àquele recanto. A paisagem havia mudado bastante. Havia uma montanha enorme de terra onde antes era um vale.
O pai sabiamente ainda administrava suas tarefas quando avistou seu filho ambicioso retornar de mãos vazias pela estrada. O filho caminhava quando avistou na varanda a balança pendurada, e, envergonhado, aproximou-se da casa.
O pai mandou primeiro chamar o outro filho. Assim que este chegou começaram a conversar sobre os assuntos da família.
Estas eram as novidades proclamadas pelo pai: O filho que ficou ao lado do pai, depois de acumular uma montanha de terra com suas ações, descobriu uma mina de ouro.
-E como não havia mais terra em nossas fronteiras para oferecê-lo por suas boas ações, passei a premiá-lo com o ouro da nova mina.
Quanto a ti, filho que nos deixastes, guardei o ouro de cada dia da sua falta para seu prêmio, e para nosso desgosto, secou a mina velha. Assim, se queres voltar a esta casa e viver novamente conosco, teremos que cobrir com a mina velha com a terra retirada da mina nova, e esta será tua tarefa. Esta então a nova regra para ti: para cada quilo de terra que devolveres à mina velha, terás um grama do teu ouro guardado.
Para enterrar a saudade deste peito de pai temos a terra. Para comemorar cada dia da tua presença, temos o ouro guardado.
Para celebrarmos com teu irmão, que perseverou em seu caminho, uma mina inteira.
- Mestre! Entendemos os valores, as alegorias, os paradigmas, mas Mestre, onde está o conceito técnico de precisão nesta parábola?
- Aquela balança pesava sempre um quilo certo, de terra ou ouro. Agora a grama passaria a representar a certeza de muitos dias ao lado do filho. No peito do pai, que guardou os erros do filho acumulados no seu coração, um grama de perdão o aliviará de muitas toneladas. Não acumules, portanto, erros em vossos equipamentos e em vossos corações, para não terdes leituras de falsos valores para as verdadeiras riquezas.
O pai com sua mão mais pesada acariciou a cabeça de seu filho pródigo e ainda naquele dia falou:
-Corram e juntem-se à vossa mãe para celebrarmos todos a leveza da alegria!
Luís Aseokaynha
Enviado por Luís Aseokaynha em 01/05/2011
Alterado em 01/05/2011
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