Ouviram dos barracos o zinco e o amianto flácido
De um povo eufórico o estampido retumbante
E o solo da favela entre tremores absurdos
Chorou o sangue de mais um inocente.

Se ao horror desta insanidade
Conseguimos vangloriarmos como esporte?!
Em teu recreio, oh! libertinagem
Desfila em nosso peito a própria morte.

Oh! pátria violada,
Chacinada,
Pow! Pow!

Brasil, um pesadelo intenso, um raio, um estampido
A dor e desesperança ao morro destes
Se em tua formosa sanha, bisonha e de súbito
A imagem no cruzeiro estremece.

Gigante pela própria pobreza,
Ex-bela, és corte, impávido alvoroço
E o teu presente espelha rajadas de tristeza.

Terra alvejada!
Dos tiros extraídos destes corpos
És a lágrima em fuzil,
Mátria,
Desalmada, Brasil!




Deitado eternamente no beco, por exemplo
Ao som dos olhares, à luz de um flashe profano
Fulgurarás, Brasil, no chão da América,
Fulminado ao som de cada estrondo.

Do que a guerra mais sabida
Teus risíveis pelotões provocam mais dores
Nossa gente é mais sofrida
Nossa vida em tua mira parecem  flores.

Oh! pátria violada,
Chacinada,
Pow! Pow!

Brasil, que o ardor do inferno seja símbolo
O projétil que ostentas disparado
E diga o chumbo-cobre dessa fábula
Bala perdida e choro entronizado.

Mas eis que se ergue do silêncio um estribilho
Verás que a tua mãe não foge, abraça o corpo
Só chora a quem ela grita: - acorda filho!

Terra alvejada!
Destes tiros extraídos destes corpos
És a lágrima em fuzil,
Mátria,
Desalmada, Brasil!